Neandertais palitando os dentes
Até que se fala pouco de humor nesses tempos em que o "politicamente correto" é acusado de inibir piadistas ruins por aí. Nesse texto para o IMS, a Camila von Holdefer faz uma mini reflexão a respeito de três vertentes tortas do humor: a machista, a desesperada e a cruel. / Blog do IMS
Há várias formas de compreender ou justificar a necessidade, em geral legítima, de não se levar a sério. Uma delas, minha favorita, tem a ver com rejeitar a ilusão de controle. É um outro registro de humor, nem sofisticado, nem de gosto duvidoso, mas antes próprio de uma postura ou de uma forma de encarar a vida. É um processo complexo e contínuo, e por vezes inútil.
David Foster Wallace era outro que se interessava pelo tema, principalmente na forma da ironia (é de um trecho da revista Serrote que eu só tenho copiado à mão mesmo, desculpa):
Acredito que a ironia de hoje está provavelmente dizendo o seguinte: 'Que coisa absolutamente mais banal você me perguntar o que quero dizer'. Qualquer um que tenha a petulância herética de perguntar a um ironista o que ele na verdade defende acaba por parecer histérico ou careta. Eis o caráter opressivo da ironia institucionalizada, do rebelde bem-sucedido demais: a capacidade de interditar a 'questão' sem se reportar ao seu 'conteúdo' é, quando exercida, tirania.
O que, fora a história em si, faz uma história existir? Esse é um dos princípios que guia o pessoal que trabalha com produtos digitais no Buzzfeed, no The Guardian e na Vox Media. Nessa mesa redonda, eles se reúnem para falar sobre a construção de produtos no contexto de uma redação, em que jornalistas nem sempre acostumados com tecnologia precisam aprender a dividir decisões editoriais com o "pessoal que conserta computador". / YouTube
Chega de usar "mas é um neandertal" como xingamento, porque nossos primos não são tão diferentes assim de nós. Além de preparar enterros e produzir jóias, eles também já tinham o costume de palitar os dentes (!) e extinguir outras espécies de animais. Mas isso tudo é descoberta recente. As certezas anteriores a respeito deles eram, claro, bem preconceituosas. / NYTimes
In 1911, Boule began publishing his analysis of the first nearly complete Neanderthal skeleton ever discovered, which he named Old Man of La Chapelle, after the limestone cave where it was found. Laboring to reconstruct the Old Man’s anatomy, he deduced that its head must have been slouched forward, its spine hunched and its toes spread like an ape’s. Then, having reassembled the Neanderthal this way, Boule insulted it. This 'brutish' and 'clumsy' posture, he wrote, clearly indicated a lack of morals and a lifestyle dominated by 'functions of a purely vegetative or bestial kind.' A colleague of Boule’s went further, claiming that Neanderthals usually walked on all fours and never laughed: 'Man-ape had no smile.' Boule was part of a movement trying to reconcile natural selection with religion; by portraying Neanderthals as closer to animals than to us, he could protect the ideal of a separate, immaculate human lineage. When he consulted with an artist to make a rendering of the Neanderthal, it came out looking like a furry, mean gorilla.
Mas eu só queria uns assuntos pra fila do banco, você diz. Então veja só (mais um) exemplo de como será o supermercado do futuro. O escritor brasileiro que decidiu viver numa fazendinha no ápice da sua carreira. O joguinho-dilema-moral do MIT para decidir quem morre em acidentes de carros autônomos. E o que existe por trás do valor de uma simples brusinha.